quinta-feira

Caixa de e-mail...



Sinceramente, apago com cuidado os e-mails que recebo de desconhecidos (a maioria de lojas comerciais e vendedores) para não excluir as mensagens dos amigos cadastrados. Hoje eram 34 mensagens, kabum... kabum.... Penso na velha reclamação de que hoje nós escrevemos pouco, ou quase nada, por causa da internet. Que a linguagem da internet é muito resumida, e que ela subverte completamente a arte de escrever bem. Alguns defenestram usos como vc, tb, kbom qvc veio, etc. A internet é um microcosmo linguístico, onde tudo é rápido, ligeiro, medido de kbytes. Tem regras e usos próprios, e isso consagra a sua personalidade. Não vejo razão para tanta defenestração. As pessoas (nós) estamos escrevendo menos e pior por conta de muitas outras situações, como o cinema, a TV, o celular, o livro falado, e a internet: não é possível competir com esse mundo atraente de imagens, sons, cores e linguagem que, no mundo atual, tem seu lugar definido, sem possibilidade de retorno.



Muitas pessoas, porém, continuam lendo e comprando livros, frequentando livrarias e, mais do que isso, mantendo a arte de escrever bem. Um e-mail, por exemplo, pode ser muito bem escrito, como aquelas cartas manuscritas que hoje nós só vemos em livros: correspondências trocadas por grandes escritores, as quais foram organizadas e publicadas. Na gaveta de nosso móvel até encontramnos alguns retratos antigos com dedicatórias muito bem escritas, mas as cartas antigas, que nos foram dirigidas, nada ou muito pouco. Aqueles belos vocativos do tipo Meu querido e amado filho, Minha querida mãezinha, Meu Amor, Dileto Amigo... parecem dormir nos jazigos perpétuos das quinquilharias linguísticas. Quem faz isso hoje? Quem encontra tempo para escrever uma carta, em papel pautado e tudo... Mais: que espaço hoje reservamos no fundo de nossos sentimentos para escrever uma carta de próprio punho para alguém? Escrever bem não significa apenas engendrar mecanismos gramaticais perfeitos, mas e sobretudo utilizar a linguagem para expressar os sentimentos que nos lançam a desejar escrever uma carta de próprio punho. Ouvi diversas vezes Ferreira Gullar dizer que só escreve em estado de transe. Estado de transe é o motivo que nos leva a escrever, é a efervescência de sentimentos e ideias que precisam vaporizar seus magnetismos. E é assim que os bons textos surgem. Mas nós estamos carentes desses estados de transe, de sentimentos e ideias. De alguma forma, a internet, sem qualquer acinte, serve a essa aridez nossa. Mas não é culpa dela, não!



A culpa vc sab dquem é...

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